Há diversas razões para a introdução gradativa da metodologia de aprendizagem baseada em projetos em redes de ensino em todo o mundo.

A educação de massa se constituiu por um modelo em que o papel do estudante se limitava a seguir as instruções oferecidas: isso correspondia às demandas da revolução industrial e ainda corresponde, onde encontramos o mesmo modelo de organização fabril. Entretanto, a revolução informacional, desde meados do século 20, criou novas demandas para a instrução formal, posto que há um conjunto de habilidades e competências demandadas de quem vende sua força de trabalho. E essas habilidades não são desenvolvidas apenas seguindo instruções e obedecendo, é preciso assumir outros papéis também, como o de planejador e de solucionador de problemas. É onde entram as chamadas “metodologias ativas”, cujo cerne é tirar o estudante da passividade da escola pós-revolução industrial. Entretanto, seria raso argumentar a favor de uma metodologia considerando a escola básica como mera formadora de mão de obra. A escola básica, especialmente a escola de ensino fundamental, tem o papel fundamental de dar vazão às expressões infantojuvenis; as crianças gestam, nesse período, projetos significativos para a construção de sua autonomia: sua conexão com o planeta, as relações externas ao grupo familiar, a afetividade etc. Criar um projeto e realizá-lo proporciona diversos aprendizados essenciais para que essa autonomia tenha êxito.

Diferentemente do que o senso comum alardeia, a aprendizagem baseada em projetos não inferioriza nem exclui a aula expositiva e a aula dialogada: ambas são recursos de ensino valiosos para a aprendizagem. Na aprendizagem baseada em projeto, há um deslocamento do “holofote” da sala de aula: ele deixa o quadro negro e se volta para as carteiras. Comumente, nós professores nos indagamos: “Como vou explicar isso para os alunos?”. O convite aqui é para deslocar o foco da preocupação: a indagação poderia ser “O que os alunos precisam fazer e vivenciar para compreender isso?” Nessa visão, nós professores oferecemos situações capazes de proporcionar a aprendizagem. Este livro pode funcionar em suas aulas como uma fonte de atividades complementares às seqüências didáticas que você já realiza em sala de aula. Há diversas sugestões que podem ser utilizadas de forma pontual, como um trabalho do bimestre. À medida que os alunos tomarem para si essas tarefas, pode-se propor uma conversa prévia sobre as estratégias que eles pretendem utilizar e, aos poucos, articular mais de uma tarefa, compondo um resultado mais abrangente.