Página 24

Um gato tomado de assalto pela água de um irrigador

O gato nunca tinha visto um irrigador e ficou ali estupefato vendo a água bater em seu corpo de tempos e tempos, como uma chuva programada para cair e subitamente cessar. Para ele, tudo aquilo era um mistério um pouco assustador.

Desenho em preto e branco do irrigador da história
Desenho em preto e branco do gato da história

Página 25

CIÊNCIA É DIVERTIDA!

Minhoco, Joanilda, Lagartão e Braboleta são cientistas. Quando algum morador precisa de uma investigação, eles são imediatamente acionados. Sim, a palavra é mesmo “investigação”, como fazem os detetives da polícia, reunindo vestígios e entrevistando pessoas para saber o que aconteceu. Em nossa história, o gato pede a ajuda dos cientistas para descobrir o mistério da chuva que não vem do céu, mas de um “chuveiro” que brotou no jardim do dia para a noite.

É provável que você tenha notado que os cientistas da Jardinlândia pensam em uma explicação e, em seguida, bolam uma estratégia para confirmá-la ou descartá-la. Assim, eles vão ficando cada vez mais próximos de descobrir o que está acontecendo.

Primeiramente, ouvem o relato do gato. Ele se esforça para descrever o que viu acontecer, mas no meio da descrição objetiva acrescenta sua interpretação do que se passou. Quer um exemplo? Havia muitas coisas no jardim da praça, mas ele menciona apenas dois objetos: o irrigador, que chama de “chuveiro invertido”, e o copo com água. Quando o gato escolhe esses objetos para contar aos cientistas o que se passou, ele já está interpretando, não é mesmo? Você pensaria que o copo teria alguma relação com o funcionamento do irrigador?

Desenho de objeto com um corpo quadrangular, onde tem-se a marcação de 15:00, e no alto, uma meia lua com buracos.
De onde vem o estranho apelido dado pelo gato? Isso se parece com um chuveiro?

Apesar de o gato fazer uma descrição cheia de lacunas, os cientistas da Jardinlândia poderiam tentar explicar o que estava acontecendo apenas com seu relato. Ou não. O que você acha: o relato do gato seria suficiente para você entender o que estava acontecendo? Já aconteceu com você algo assim: um amigo contou algo que não entendia bem e você conseguiu reconhecer o que se passava apenas ouvindo seu relato?

Em nossa história, os cientistas não conseguiram explicar o que aconteceu apenas com o relato do gato. Eles decidiram ir até o jardim para observar os objetos, verificar como estavam colocados e descobrir pistas de como funcionam. Você consegue listar o que os cientistas conseguiram descobrir nessa visita? Não é nenhum spoiler dizer que esses procedimentos não deram em nada, certo? Você acha que nossos cientistas se sentiram frustrados por isso? Você se sentiria assim?

Página 26

Nossos investigadores-cientistas

Esse é um bom momento para compartilhar com você que lidar com procedimentos que falham é parte do fazer científico. Quando as cientistas Braboleta e Joanilda tentaram mover o irrigador e não conseguiram, isso deu a elas um dado muito relevante: o objeto está fixo. Quando elas viraram o copo para esvaziá-lo, queriam observar se, com isso, a chuva estranha parava ou não; como não parou, elas descobriram que a água que caiu sobre o gato não vinha do copo. Mais um dado relevante para a investigação. E também uma inferência: o copo não está associado ao funcionamento do irrigador. Foi assim que decidiram qual seria a próxima etapa da investigação. Você se lembra qual foi?

Os cientistas de nossa história estão atrás de responder uma pergunta: De onde vem a água que molhou o gato? Não está chovendo, mas de tempos em tempos (a cada 15 minutos), cai uma água do alto. Eles observaram o funcionamento de dois objetos, fizeram testes e concluíram que a água vem do objeto que o gato chamou de “chuveiro invertido”. Eles poderiam parar a investigação aqui e dizer ao gato de onde está saindo a água, não é? Mas eles decidiram continuar investigando, pois há mais mistérios por aí: Que aparelho é esse? Como ele funciona de tempos em tempos? Por que foi instalado no jardim da praça? Essas perguntas levam a novas etapas de investigação, à busca de dados e informações que possam ajudar os cientistas a realizar outras inferências e, assim, elaborar respostas consistentes para as perguntas.

Nós achamos a ciência muito divertida. Não tem resposta pronta, não! Se alguém apresentou a você o conhecimento da ciência como algo pronto, já finalizado, que deve ser decorado... ou pior, se fizeram você acreditar que as perguntas servem apenas para encontrar respostas prontas em um texto, então é provável que tenham tirado toda a diversão da ciência. Nossos cientistas certamente se divertiram muito enquanto tentavam dar respostas ao gato sobre o mistério da chuva que não era chuva: a cada descoberta, eles precisaram ser criativos para encontrar novas formas de seguir realizando a investigação.

Que outras habilidades você imagina serem necessárias para se tornar um bom cientista?

Página 27

Investigar não é apenas tarefa de cientistas

A história que você leu é contada com palavras e com imagens. Experimente ler a história apenas acompanhando as ilustrações; em seguida, faça o mesmo com o texto verbal. É possível perceber que a história só fica completa com os dois elementos (palavras e ilustrações)? Contar histórias com palavras e imagens é a paixão do artista Weberson Santiago, que é o criador deste divertido livro. Foi ele quem inventou os personagens, elaborou o enredo e, depois, desenhou tudo.

Os artistas que criam histórias com imagens também precisam realizar investigações. Você imagina como elas acontecem? O autor dá uma pista do que significa “investigação” para ele:

“Quando eu era criança, gostava muito de desenhar. Minhas tias e minha mãe contam que, para eu ficar quieto e em silêncio, bastava dar uma revista com figuras que eu ficava ali horas olhando aquilo, admirando. Eu gostava de tentar desenhar da minha maneira, assim como a maioria das crianças faz. Esse exercício de a criança desenhar sem medo, ele é maravilhoso, porque você não fica colocando amarras no seu desenho e ele flui, acontece, é mais tranquilo, leve e transforma a expressão do desenho em imagens cheias de conceito.”

Observar imagens e experimentar criar suas próprias ilustrações são tarefas próprias à investigação artística. Nosso autor conta que esse é um exercício que ele realiza desde criança: transformar suas ideias em desenhos e em palavras para contar uma história.

Também faz parte do trabalho investigativo do artista realizar esboços e ir se experimentando na criação da história. É como se a história fosse ficando mais e mais clara para o autor à medida que ele desenha e escreve. Lembra quando os cientistas de nossa história iam pouco a pouco se aproximando de respostas para suas questões? Bom, com os artistas pode ser um pouquinho diferente, mas eles também fazem experimentos para ir se aproximando daquilo que têm em suas mentes.

Uma mão segura um potinho com tintas e uma página de caderninho; ao fundo, se vê a vista da rua que está desenhada na página do caderninho.

Página 28

Rabiscos de 3 pessoas com boné e outros objetos que não podem ser identificados
Esse é o esboço da segunda página deste livro. Que tal voltar lá e ver como ficou, ao final da criação artística, essa ilustração?

Página 29

Quem é o artista que criou a história deste livro?

Weberson Santiago vive em Mogi das Cruzes, no estado de São Paulo, com sua esposa e suas duas filhas.

Ele estudou design gráfico e hoje trabalha como ilustrador e também como professor. Mas vamos deixar que ele mesmo se apresente:

Rosto de um homem branco, de cabelo curto castanho, barba e bigode. Ele parece que vai sorrir, mas está com a boca fechada.
Weberson Santiago, autor da história.

“Eu sou ilustrador. O trabalho do ilustrador é transformar ideias, conceitos em algo gráfico, visual. Essa magia da ilustração, do desenho, de atrair a atenção das pessoas, ela ajuda muito a contar histórias. O que não podemos esquecer é que um ilustrador está sempre contando histórias, seja através de uma narrativa ou do despertar de uma imagem única e singular para atrair a atenção do leitor em algum momento de uma história de um livro, de uma revista ou de uma propaganda. Mas os livros têm essa função primordial de lidar com a ilustração narrativa. E o ilustrador faz isso: transforma conceitos em imagens.”

O autor desenha suas histórias para conseguir recriar com as ilustrações os conceitos que as compõem. As imagens estão, assim, no centro da criação da história: elas formam o que podemos chamar de estrutura do enredo, elas são uma “ilustração narrativa”, nas palavras do autor. As palavras nascem junto com as ilustrações, ajudando a contar a história; podemos dizer que, no trabalho do Weberson Santiago, as palavras e as imagens estão entrelaçadas: elas só fazem sentido juntas.

Desenho de cores fortes e uso de formas retangulares mostra homem idoso visto de lado; ele tem uma máscara no queixo.
Mão segura páginas de caderno com o desenho feito a tinta de um homem sentado, vestido de terno e com chapéu; ao lado do desenho, está escrito: PESSOA
Desenho com cores frias de um homem visto de lado; ele tem bigode e usa chapéu, camisa de manga longa e um colete xadrez.

Que histórias você contaria com esses desenhos do autor?

Página 30

Uma participação pedagógica na criação do livro

Alessandra Corá é coautora, ou seja, ela contribuiu para a criação do livro. Ela estudou pedagogia e foi, pouco a pouco, se tornando uma especialista em comunicar histórias para crianças e adolescentes. Essa é sua grande paixão. (Bom, ela também é apaixonada por passarinhos!)

As histórias criadas por ela são bastante visuais: ela privilegia mais as imagens do que as palavras. Mas quando está ajudando os autores em suas criações, ela utiliza seus conhecimentos da pedagogia e da literatura para propor palavras que contribuam para que crianças e adolescentes se tornem bons leitores. É o que esta parte do livro tem como função principal: ajudar você, leitor, a interpretar a história do livro.

Rosto de mulher branca, de cabelos médios castanhos, vestida com uma blusa preta de manga comprida; ele está sorrindo. Ao fundo, se vê uma estante com livros.
Alessandra Corá, coautora do livro.

Página 31

E que história o livro conta?

A história Cientistas na Jardinlândia é um conto que traz uma narrativa ficcional. Ou seja, a forma de contar, narrar a história, os personagens e os acontecimentos são uma obra de ficção, inspirada em situações do cotidiano, mas também contam com um pouco de fantasia e imaginação. O uso livre da fantasia e da ficção é muitas vezes uma forma de verificação ou experimentação da verdade.

O conto é caracterizado por trazer uma narrativa curta, com personagens bem definidos, envolvidos na busca (conflito) por resolver um mistério (clímax).

Esquema visual com duas colunas: personagens e desafio. Na coluna personagem está escrito embaixo: Minhoco, Joanlida, Lagartão e Braboleta: os cientistas. Na coluna desafio, lê-se: Investigação no jardim.

O conto é narrado dentro de um espaço bem determinado, o jardim. Além disso, o estilo do autor, ao tratar os fatos de forma clara, com passagens bem marcadas, e articular o texto com as ilustrações é reforçada pela voz de um narrador fora da narrativa, que observa, dando uma visão do todo. Dessa maneira, são fornecidas mais informações ao leitor, o que acontece em cada cena, nesse espaço, até que se desenrola o conflito, ou seja, os personagens trilham o caminho investigativo, levantando hipóteses e colocando-as à prova até desvendarem o mistério. Essa forma de contar acaba por nos envolver na leitura, uma vez que nos instiga a querer que os personagens descubram logo o que está acontecendo.

Portanto, os contos são ótimos para despertar os leitores para narrativas que ousem tratar de temas complexos de forma divertida e facilitada por uma estrutura bem desenhada.

Página 32

© Boreal Edições, 2022.

edição Daniella Barroso e Alessandra Corá

revisão do texto literário Luciana Baraldi

preparação do paratexto Flávia Gonçalves

projeto gráfico e capa Aline Martins | Sem Serifa

ilustrações Weberson Santiago

fotos Weberson Santiago e Alessandra Corá

impressão e acabamento

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)
(Laura Emilia da Silva Siqueira CRB 8-8127)

Santiago, Weberson.

Cientistas na Jardinlândia / Weberson Santiago e Alessandra Corá. 1a ed. São Paulo: Boreal Edições: 2022.

Exigências do sistema: Formato HTML

isbn 978-85-68256-54-1 (recurso eletrônico)

1. Ficção: Literatura infantojuvenil brasileira 2. Literatura: literatura infantil brasileira
I. Santiago, Weberson. II. Corá, Alessandra.

cdu 82-9 cdd 808.899282

Índices para catálogo sistemático:

1. Literatura: literatura infantojuvenil brasileira

2. Literatura : literatura infantil

808.899282

Logotipo de Boreal Edições com site indicado embaixo

Rua Teodoro Baima, 51/93 – 01220-040 – São Paulo (SP)

(11) 95271-7778

www.borealedicoes.com.br

3ª capa

Imagem decorativa

4ª capa

4ª capa do livro com continuação da paisagem da capa, número do ISBN e texto que diz: Minhoco, Joanilda, Lagartão e Braboleta são cientistas. Quando algum morador precisa de uma investigação, eles são imediatamente acionados. Sim, a palavra é mesmo “investigação”, como fazem os detetives da polícia, reunindo vestígios e entrevistando pessoas para saber o que aconteceu. Nesta história, o gato pede a ajuda dos cientistas para descobrir o mistério da chuva que não vem do céu, mas de um “chuveiro” que brotou no jardim do dia para a noite. Você acompanhará todas as etapas da investigação científica que os cientistas percorrem até descobrir o que está acontecendo em Jardinlândia.